terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Desculpem-me, mas sou matuto
Desculpem-me, mas tenho que contar minhas histórias, que invariavelmente se originam no meio rural, onde nasci e me criei. Foi onde tirei minhas experiências infantis, perdão, mas sou caipira. Nasci em casa de pau a pique, casa de caboclo. Nasci em uma palhoça: coberta de sapé, terra batida, dizem que as casas de caboclo, mormente do Vale do Paraíba são de influência indígena. Vi e testemunhei a labuta do campo, a luta do homem contra os elementos naturais, a natureza muitas vezes indomável, ser domada pelo homem do campo. Já dizia Euclides da Cunha: “O Sertanejo é antes de tudo um forte”. Hoje é tudo diferente, em tudo se despendi muito menos esforço, a modernidade e as facilidades da vida moderna chegaram também ao campo. Mas antigamente, tudo era muito difícil, poucas facilidades havia, muitas vezes os sertões tinham que ser desbravados, a custa de machados e também muito fogo. Para se iniciar a agricultura, a criação do gado. Éramos no meu ver os mais afastados do Bairro, morávamos mesmo muito próximos às montanhas escarpadas dos contrafortes da Serra do Mar e de lá havia uma vista tão privilegiada, descortinava-se tão lindo panorama, que até hoje ainda tenho os olhos inebriados por tal visão maravilhosa. Até hoje agradeço por ter tido tal privilégio de uma paisagem tão deslumbrante. Quando os bens materiais nos permitiram fizemos uma bonita casinha branca, já com algum conforto, que hoje chamo de a “Casinha branca da Serra”, mas pouco lá moramos. De repente aquele mundo de festas rurais, de tradições, onde se dançava o Moçambique, o Cateretê, a moda de viola, os melhores cantores eram Tonico e Tinoco, começou a desmoronar. De repente o Brasilzão rural, da rapadura, do fogão de lenha, começou acabar. Surgiu um Presidente, um tanto maluco, que queria transformar esta sociedade rural em cosmopolita, urbana, de uma hora pra outra. De repente eram levas de migrantes, todos indo pra cidade grande, trabalhar nas fábricas recém inauguradas, acho que foi um choque, um trauma, pois não houve transição. Retirava-se do meio rural tranqüilo, preguiçoso até mesmo, o nosso Jeca Tatu, teve que mergulhar na cidade grande, diria até sem um certo preparo. As nossas cidades não cresceram, simplesmente incharam, e os problemas urbanos acumularam-se sem solução até hoje. Mas eu minha família ao lado de minha mãe demos do alto do morro a ultimada mirada à “Casinha Branca da Serra”, e não é preciso dizer me cortou o coração. Daí então esta saudade que me mata, e então o meu jeito matuto, macambúzio. Tudo isto vem do mato, da querência que ficou pra trás. E que jamais esqueço.
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Luiz Antonio de Almeida itens compartilhados
Sobre eu e meu blog
Gosto de escrever, não o escrever por escrever, mas até uma necessidade intrínseca de me expressar, de transmitir algo, um pensamento, com ist0 eu possa despertar algo de bom em meus amigos. Muitas vezes mesmo é meu desejo de comunicação, já como disse uma amiga, sou tímido, então a comunicação verbal direta estaria dificultada, então a comunicação via internet mil vezes potencializada. Diga o que disserem, mas o computador aproximou as pessoas, que muitas vezes estavam distantes, e tinham poucas possiblidades de comunicação. E os "bloguistas" podem então dar asas a sua imaginação e exercitar as suas potencialidades, que terão mais ou menos leitores de acordo com suas possibilidades e capacidades. O meu blog é geral, pois trato de qualquer assunto, moderno, contemporâneo, assuntos atuais, problemas brasileiros e outros tantos.
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