sábado, 30 de maio de 2009

Viajar é preciso...

Sempre gostei de viajar, a pé, a cavalo, de bicicleta, ônibus, automóvel, tanto faz. Mas a viagem mais bonita que fiz foi certamente em um barco, por via fluvial, através do velho rio Paraná, na parte que divide São Paulo, Mato Grosso e Paraná. Já faz muito tempo o rio era menos domado, ainda havia muitas enchentes nas margens do grande rio. Saímos de Porto Epitácio, numa bela manhã acordamos com um sol deslumbrante, batendo na nossa cara, viajamos numa chata, no sentido rio abaixo, era só céu, água, vegetação e muitos peixes em abundância, principalmente os pacus. Lembro-me que fazia parte de um projeto denominado Projeto Rondon, como o grande sertanista, queríamos integrar o sertão à vida civilizada: prestamos assistência Médica – Odontológica a população ribeirinha, tivemos oportunidade de ver como o caboclo daquelas localidades vivia. Muito pobre os coitados, lavouras de subsistência a beira do rio: milho, feijão, banana, e a pesca claro também devia ser uma atividade importante. O saneamento básico muito precário, ou então inexistente, lembrando que estávamos em final da década de 60 e início de 70. Mas qualquer coisa que fizéssemos pelo caboclo no sentido de minorar seus males e sua pobreza era muito bem recebida. Assim como fomos bem recebidos em todas as localidades que estivemos, lembrando que éramos estudantes com algum conhecimento e não profissionais da área. Viajamos assim mais de mil kilometros de rio, passamos por muitas cidades e localidades: Pontal do Parapanema, Rosana, Guaira, Salto Del Guairá no Paraguai, onde se deu o final da viagem. Não contente em viajar tanto por rio fomos até Foz de a Iguaçu ver também as cataratas famosas que dividem Brasil e Argentina, as cataratas do Iguaçu, que fica na cidade de Foz do Iguaçu. Conheci pela ultima vez as Sete Quedas do Guaira, pouco antes da mesma sumir tragadas pelo lago de Itaipu. Conheci um Brasil diferente que acredito praticamente não existe mais, mais selvagem, mais bruto, porém não menos bonito. Com um povo forte, varonil e bastante hospitaleiro. Mas muito pobre, sem recursos, ainda com muito pouco progresso...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Tempo bom era aquele...

Transcorriam os idos de 50, fazia muito frio na época, sol mesmo só poucas horas do dia, assim mesmo com muitas nuvens, aparecendo aqui e acolá esporadicamente. Não víamos viva alma naquele sertão, então as opções eram poucas, além de se tentar esquentar no pouco sol que havia. O mundo está esquentando, que bom!! Pois assim não temos de tolerar o frio dos cobertores curtos e “tomara que amanheça”. O perigo é o excesso de calor e o “efeito estufa”, dizem. Usando poucas roupas, dispensando os agasalhos, temos boa tolerância ao calor, já que estamos acostumados. Não me acostumava mesmo é com o que o frio de antanho, minha mãe dizia: “O dia é um palmo e a noite é um ano”, até doía o corpo de tanto ficar na cama. Pois deitava-se lá pelas sete quando muito oito da noite, quando chegava pela manhã já se tinha dormido mais do que o suficiente. O duro era levantar, o tempo neblinoso não dava boa visibilidade da vizinhança que muitas vezes após clarear estava branco de geada. Então a cama já não muito confortável tinha que dar lugar ao fogão de lenha, e então “esquentava fogo”, o que na realidade sabia-se que era o contrario, o fogo é que esquentava a gente. Ordenhava-se o gado, neste mister tinha que se juntar o gado na geada e os sempre sumidos bezerros porque sem eles o gado não produzia o leite. Então o moleque tinha que sair do fogo, com as canelas quentes e tinha que enfrentar a geada do tempo para ajuntar o gado. A um grito do seu pai fazia tudo rapidinho, ai! Se não fizesse, era castigo na certa, não esperava o segundo chamado, já enfrentava o frio, descalço com os pés vermelhos pelo fogo, agora eram esfriados pela geada. Isto acabou lhe acarretando reumatismo. Com duas crises fortes em que ficou entrevado. Mas como dizem: "pau ruim não afunda”, o menino agüentou o tranco e um dia fomos pra cidade. O pai ainda ficou enfrentando os elementos, pois era seu habitat, homem forte e destemido. Destes que desafiam o perigo sem pestanejar. A roça trazia o sustento pra nós na cidade, estudamos, eu me tornei doutor, minhas irmãs também estudaram. Agora eu penso, não só o tempo esquentou, tudo mudou. Ninguém mais mora na roça, que acho que nos moldes de antigamente também não existe mais. Antigamente o capital era a força e a inteligência do homem. E hoje. Hoje este capital parece que se encontra bem escasso!!.Ninguém quer dar duro. Todo mundo na teta do governo. Haja Teta!!!! O outro capital que é o pecuniário, parece que ninguém tem mais. Só os bancos a juros exorbitantes lá pelas “estratosferas”, produção não mais existe. Ou pouca. Aí a gente fica pensando que aquele tempo era bem melhor, mormente o frio gelado..

sábado, 23 de maio de 2009

Se Freud explica, imagina então Jung

Vinha por caminhos brumosos, povoados de sonhos em que me via perdido em meandros tortuosos, cheio de barrancos e precipícios íngremes, que me davam pavor devido ao meu medo de locais altos. Os sonhos segundo Jung são representações imagéticas que ele denominou Imago, ou seja, são os acontecimentos de nossa infância transformados por nossa psique, são resultados de influências exteriores e influências interiores resultando em imagens mentais que depois são transformadas em nosso subconsciente que em determinadas ocasiões, ou seja nos sonhos afloram para o nosso consciente. Na realidade segundo Jung temos dois egos, o ego profundo e inconsciente que trabalha nossas experiências psíquicas a partir do nosso inconsciente e forma o que ele chamou de Imago que são nossas experiências transformadas e o nosso ego consciente que está em contacto com o exterior trabalhando as experiências de fora para dentro. É como se houvesse dois sujeitos, um cartesiano real que pertence a nossa vida consciente e um Imago resultado de nossas experiências psíquicas como se uma criança ao olhar no espelho reconhecesse pela primeira vez a sua imagem, então para a mente existem dois egos, um real que se palpa e que se sente e um imagético que tem representação no mais profundo da mente inconsciente Os níveis da psique são:consciente, subconsciente e inconsciente . Durante os sonhos são abolidos os processos de censura do Ego e do Super Ego. Na realidade os processos do Ego e do Super Ego exercem censuras na mente consciente, então muitas manifestações são abafadas, às vezes até de uma maneira inconsciente, sem que a pessoa perceba. A censura do Super Ego é por demais evidente, pois se diz que representa a figura do pai repressor, da repressão dos processos civilisatórios, da repressão religiosa, etc. Nos sonhos parte da censura é liberada. Entramos em contacto com nossa mente profunda ou seja o Imago. Repressões há muito tempo recalcadas nos porões da mente, enfim é o nosso subconsciente. Certas experiências traumáticas nos deixam psiquicamente doentes, cenas fortes de violência, por exemplo. Queiram ou não as doenças iniciam no mais profundo da mente, alterando os nossos processos mentais de pensamento, de sentir, atingem o centro da vida, ou seja a nossa libido. Traduzindo libido como gana de viver. Perde-se a gana de viver ou seja a vontade de viver sobrevém à doença mental conhecida como depressão, alteram-se os hormônios e está aberto o caminho para a doença física de natureza endócrina e destas para alterações celulares e aos cânceres. A doença inicia-se na alma e desta vai para o corpo físico. O problema é que ainda não sabemos como tratar a doença da alma. A doença física é apenas uma conseqüência. A doença mental atinge o centro do ser e não vou analisá-la aqui, cabendo esta tarefa aos especialistas. Imaginando a Mente humana como o centro de tudo, tudo é feito pelo corpo para evitar que algo a atinja, então nossa energia vital = libido= gana de viver, procura desviar os processos traumáticos quer físicos ou psíquicos para a periferia do ser em direção aos órgãos emunctórios, ou seja órgãos de eliminação: pele (transpirações, erupções), rins (através da urina), pulmões (respiração). Os médicos gregos falavam que existem em nós seres vivos e humanos em particular, uma espécie de “médicus”, ou seja ao sermos atingidos por processos traumáticos de qualquer natureza, o próprio corpo já entra com os mecanismos de defesa desviando a doença dos órgãos vitais para os órgãos emunctórios. Daí a cura da gripe através de um “suadouro”, processo antigo, mas com sua lógica. Mas os processos psíquicos, quando somos profundamente atingidos em nossos sentimentos e pensamentos, em nossa libido. Aí as coisas ficam bem mais difíceis, mas acredita-se que haja também uma espécie de eliminação da causa da doença, e uma das maneiras são através dos sonhos, acredito. Young foi um profundo estudioso dos sonhos, ele acreditava que nos sonhos estão à chave para a cura de muitas doenças de natureza psíquica. Através dos sonhos a mente vai organizando e eliminando as causas do trauma que a pessoa sofreu.

sábado, 16 de maio de 2009

Cuidado com as esporas!!

Chovia muito aquele ano, a paisagem brumosa não fazia senão anunciar mais chuvas naquele distante verão da minha infância. Mas a chuva era um tanto fria, já anunciando a frialdade de um próximo outono que se avizinhava. Família numerosa, recursos escassos, distâncias enormes até a cidade mais próxima O meio de transporte mais rápido por estas paragens é o lombo do cavalo. Naquela é época minha mãe havia ficado doente, não doencinha qualquer que se cura com chazinhos ou benzimentos, mas doença bastante grave, ia emagrecendo e ficando muito fraca. Foi até cidade grande diagnosticado que o “peito estava fraco”, ou seja, Tuberculose. Ainda naquela época era doença bastante freqüente por aquelas paragens, que ameaçava a vida. Com medo que nossa mãe fosse chamada por Nosso Senhor precocemente, e deixasse órfã família numerosa providenciamos logo o tratamento. Fomos a importante Médico Tisiologista de cidade grande e bastante distante. Deslocamentos do sertão que morávamos era difícil, dificultado agora pelo período de chuvas. Tratamento tinha que ser muito rigoroso com visitas médicas a intervalos regulares, retornos e exames complementares freqüentes. O deslocamento como disse de início era o mais difícil até cidade próxima onde se tomaria outra condução que seria um ônibus ou um carro particular. O retorno também exigia uma logística especial. Pois bem, a história que quero contar aconteceu exatamente num destes retornos de nossa genitora do médico Tisiologista. Os cavalos tinham que ser levados até uma cidade próxima que ficava cerca de dez quilômetros da nossa moradia. Fui encarregado de levar os cavalos: menino franzino de cerca de dez anos, mas parecia menos, pois era bem fanado. Arriados os cavalos, montei num deles e pus-me a caminnho, a chuva não dava tréguas, caminhos lamacentos e escorregadios. Cavalos teimosos que não queriam andar. O que estava sem cavaleiro chamava-se preto, cavalo muito teimoso e “passarinhador”, termo usado para designar quando o cavalo não seguia sua trilha direito, portando em tudo o quanto é encruzilhada, empacando constantemente. Com muita dificuldade ia conduzindo os animais e rezando para que vencesse a distância que separava da cidade. Mas estava difícil, necessitava de outro cavaleiro para o animal recalcitrante. Até que parei em determinada local do caminho e pedi auxílio, eu sabia que no local morava um menino mais ou menos da minha idade, que podia me ajudar na difícil tarefa da condução dos animais. O homem prontamente cedeu o meu colega, que logo muniu-se de esporas e botas, como todo cavaleiro afoito subiu ao animal e aplicou-lhe as esporas. O animal passou a dar pinotes e meu amigo não demorou muito e foi ao chão. Por sorte pouco machucou-se, pois como disse chovia muito e o chão estava úmido amortecendo a queda. Incontinenti meu colega tornou a montar, pedindo-me que fizesse sigilo sobre a queda. No que foi prontamente atendido. Seguimos viagem, já o garoto mais calmo com as esporas. Aguardamos minha mãezinha chegar da consulta, voltamos a nossa querência, não demorou nossa genitora ficou curada. Sinto orgulho hoje em dia em ter contribuído para a cura de nossa querida mãe, mas as peripécias foram muitas: Lama, chuvas torrenciais, caminhos difíceis, cavalos indóceis, menino "esporudo" e garoto franzino.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Pássaro errante - Colaboração de Eloise Ribeiro

pássaro errante

na busca de novas paisagens
um ser humano metamorfoseado
em um pássaro errante.
consciência humana que voa
num corpo que sente todas as dores.
rompe-se a vida na corrida
entre luas, sóis e estrelas,
no espaço-Tanatos pulsa,é puro Eros
e, sem receio ,corta as nuvens,
pássaro errante ,em busca do Sol.

Luiz Antonio de Almeida itens compartilhados

Sobre eu e meu blog

Gosto de escrever, não o escrever por escrever, mas até uma necessidade intrínseca de me expressar, de transmitir algo, um pensamento, com ist0 eu possa despertar algo de bom em meus amigos. Muitas vezes mesmo é meu desejo de comunicação, já como disse uma amiga, sou tímido, então a comunicação verbal direta estaria dificultada, então a comunicação via internet mil vezes potencializada. Diga o que disserem, mas o computador aproximou as pessoas, que muitas vezes estavam distantes, e tinham poucas possiblidades de comunicação. E os "bloguistas" podem então dar asas a sua imaginação e exercitar as suas potencialidades, que terão mais ou menos leitores de acordo com suas possibilidades e capacidades. O meu blog é geral, pois trato de qualquer assunto, moderno, contemporâneo, assuntos atuais, problemas brasileiros e outros tantos.

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Um tanto solitário, introvertido, gosto de viajar,caminhadas e leituras