São Paulo sempre foi um “fumacê”danado, é gozado que quando era menino ouvia falar que Sampa era o orgulho dos brasileiros, na escola as crianças recitavam os seguintes versos bem ufanosos:
São Paulo léguas de asfalto,Arranha – céus no planaltoE a garoa lá no altoEnchem o céu de esplendor
“Só me lembro que Shakespeare disse: Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”Mas depois “a cidade que mais cresce no mundo”, como dizia os paulistas, acho que estavam exagerando, aumentou demais, encheu-se de carro e ônibus, superpopulação formou-se um terrível “fumacê”. Os que sofriam de alergia e problemas respiratórios certamente não eram poucos. Coitados no mínimo ficaram muito doentes, principalmente no inverno quando as condições atmosféricas pioravam, sofrendo com rinites, sinusites e toda uma série de “ites”, que faziam o aprendizado dos estudantes de medicina. Mas sempre tem coisas boas para compensar, a capital tinha bons restaurantes, tinha muitos lugares pra passeio. Mas estudante pobre fazia preparatório pro vestibular, dinheirinho contado enviado pelo pai. Por outro lado tinha uma boa escapatória. Transcorria a década de 60, ou seja, a década de ouro do cinema mundial. Então tinha cinemas em profusão e filmes variados pra todos os gostos. Então aproveitei não perdia um final de semana ia sempre ao cinema e adorava as fitas. A gente se acostuma com mordomias e como!! E depois não quer largar, mas também se acostuma com sofrimentos e privações. No final daquele ano tive a nítida sensação que estava saindo de S. Paulo e não pretendida mais voltar, embora não soubesse direito o meu verdadeiro destino. Mas estava indo pra Uberaba tentar a sorte nos vestibulares daquele ano. Devia estar aliviado por deixar aquela cidade tão opressiva, mas pelo contrário senti uma opressão no peito e saudade daquelas ruas onde deixei parte de minha alma, aqueles cinemas onde tanto me distrai, e senti vontade de chorar. Viagem agitada a noite, estradas desconhecidas, não sabia nem direito onde ficava Uberaba, só sabia que ficava
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