sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cadê a meninice do menino?

Que bonito o início da vida, tudo é novidade, tudo é começo. O sol brilha mais bonito, os pássaros cantam maviosos, as cigarras chiam na mata ao meio dia. A tarde promete brincadeiras mil, de deslizar nas folhas dos coqueiros, caçarem borboletas, andar de carrinho de rolimãs, etc. Chega à noite o céu escuro cobre-se com milhões de pérolas multicores. O vento acariciando as folhas, fazendo um suave murmúrio. O sono já pega o menino desprevenido, para mergulhar em mil sonhos infantis de brincadeiras, pra noutro dia despertar pra novas aventuras. Os sonhos rarefazem na adolescência, para acabar na dureza da seriedade da vida adulta. Adeus brincadeiras, agora o menino se tornou um homem sério. É preciso contar, quantificar, classificar, produzir, trabalhar, como o homem do Pequeno Príncipe que contava as estrelas e anotava em seu livro de contabilidade, pois elas agora não são pérolas, são astros que estão a tantos anos-luz. A luz por sua vez caminha trezentos mil quilômetros por segundo, assim por diante. Também é preciso saber o valor do dinheiro, pois este é muito importante para a vida adulta, até mais mesmo que as estrelas. É preciso saber conta-los, até mesmo saber ganha-los. As estrelas já não interessam mais. Afinal pra que servem, enfeitar o céu à noite? Mas que falta de utilidade! Imaginar que um homem uma noite levantou-se para ouvi-las e conversar com elas, devia ser mesmo um louco ou um poeta. O sorriso da meninice do menino perde-se na sisudez da vida adulta. E perde grande parte da vida a caçar o ouro de tolo, nos meandros do capitalismo selvagem, na sua cabeça colocam idéias de jerico, de grandeza, competitividade. Agora não é mais o ser, e sim a conjugação do verbo ter, ter muito e cada vez mais. Um dia o homem já doente e cansado, volta-se para o amanhã de sua infância e descobre o menino franzino e descalço, mas que um dia foi feliz e pobre.
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Luiz Antonio de Almeida itens compartilhados

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Gosto de escrever, não o escrever por escrever, mas até uma necessidade intrínseca de me expressar, de transmitir algo, um pensamento, com ist0 eu possa despertar algo de bom em meus amigos. Muitas vezes mesmo é meu desejo de comunicação, já como disse uma amiga, sou tímido, então a comunicação verbal direta estaria dificultada, então a comunicação via internet mil vezes potencializada. Diga o que disserem, mas o computador aproximou as pessoas, que muitas vezes estavam distantes, e tinham poucas possiblidades de comunicação. E os "bloguistas" podem então dar asas a sua imaginação e exercitar as suas potencialidades, que terão mais ou menos leitores de acordo com suas possibilidades e capacidades. O meu blog é geral, pois trato de qualquer assunto, moderno, contemporâneo, assuntos atuais, problemas brasileiros e outros tantos.

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