sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Do caminho suave às avenidas expressas

Quando era criança caminhava: os caminhos eram amplos e variados, muitas opções, ladeiras muitas vezes íngremes, várzeas suaves, caminhos sinuosos, ora sombreados pela mata, ora ensolarados. Tinha até uma cartilha da minha infância que se chamava Caminho Suave, pra quem não sabe o que é uma cartilha: livro didático em que se ensinam as primeiras letras, ou seja, alfabetização. Andava-se muito até para ir à Escola e ser alfabetizado. Tudo era feito na maioria das vezes a pé e cobriam-se distâncias bem razoáveis por belos caminhos ouvindo o canto dos passarinhos ou então à tardinha o coaxar dos sapos nas lagoas. Cresci, os caminhos deviam aumentar em número e distância, então diminuíram, diminuíram as opções, os caminhos que na minha infância se faziam a pé, eram simples vielas de gado, estreitos, aumentaram de tamanho e largura, tornaram-se asfaltados, já o meio de locomoção em vez de meus pés infantis, lépidos em transpor os obstáculos tornaram-se inúteis, pois foram substituídos pelo automóvel, o ônibus. Mas será que progredi? Diriam os progressistas que sim, pois fui mais rápido aos lugares pude aprender mais rápido na Escola até me tornei médico. Mas por outro lado perdi, não encontrei mais meus amigos, pois passavam muito rápidos por mim e vice versa, e não nos víamos, assim não trocavamos idéias e nem impressões, já não sobrava tempo, pois tinha que trabalhar para comprar o automóvel e o combustível para movê-lo, já que meus pés eram inúteis. Assim também não ia a casa deles, não os visitava e pior o meu amigo tinha o mesmo problema. E fomos ficando cada vez mais isolados como Robinson Crusoé em uma ilha. Na nos cumprimentamos mais, olhos nos olhos nem pensar, tudo feito através de máquinas, que dizem agora até sentimento têm. Mas cadê os sentimentos humanos, a cordialidade, a cumplicidade, a meiguice, a solidariedade, nos tornamos estranhos um ao outro. Se quisermos nos comunicar as máquinas farão isto, com sua frieza, seu calculismo. Com isto fomos ficando cada vez mais isolados um do outro, e não mais conhecemos o nosso semelhante, ficamos isolados em cavernas familiares, nos castelos medievais dos condomínios de luxo, cada vez mais isolados, nos armando até os dentes contra os outros seres humanos. Não é de estranhar que a violência aumente cada vez mais, numa escalda inaudita. Estamos retornando isto sim às trevas medievais.

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Luiz Antonio de Almeida itens compartilhados

Sobre eu e meu blog

Gosto de escrever, não o escrever por escrever, mas até uma necessidade intrínseca de me expressar, de transmitir algo, um pensamento, com ist0 eu possa despertar algo de bom em meus amigos. Muitas vezes mesmo é meu desejo de comunicação, já como disse uma amiga, sou tímido, então a comunicação verbal direta estaria dificultada, então a comunicação via internet mil vezes potencializada. Diga o que disserem, mas o computador aproximou as pessoas, que muitas vezes estavam distantes, e tinham poucas possiblidades de comunicação. E os "bloguistas" podem então dar asas a sua imaginação e exercitar as suas potencialidades, que terão mais ou menos leitores de acordo com suas possibilidades e capacidades. O meu blog é geral, pois trato de qualquer assunto, moderno, contemporâneo, assuntos atuais, problemas brasileiros e outros tantos.

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