domingo, 31 de janeiro de 2010
O cinematógrafo
Nasci em uma cidade pequena, para os padrões de hoje seria praticamente uma vila, situada entre duas serras importantes: a do Mar e a da Mantiqueira. Uma região de paisagens bonitas com muita mata atlântica e morros bastante acentuados. Muito tempo atrás à região havia sido forte entreposto cafeeiro e onde se plantava a nossa rubiácea, muitas vezes a custa de trabalho escravo. Ainda é bastante comum ver na zona rural, antigas fazendas de café: assobradadas, bastante imponentes com terreiros de café, roda d’água onde devia haver moinhos para a produção do fubá, monjolos, senzalas: locais onde moravam os escravos e às vezes até cemitérios. A própria cidade datando sua fundação do século XVIII tinha muitos casarões senhoriais em torno de uma praça central e uma igreja, mansões estas que tinham sido erigidas pelos senhores donos de extensos cafezais na região e que tinham enriquecido com seu comércio. Toda esta riqueza cafeeira, diga-se de passagem, era transportada em lobo de tropas de muares e havia mesmo saindo de Taubaté trilhas que iam até Ubatuba, onde se dava a exportação do produto para os grandes centros Europeus. Mas um dia veio à estrada de ferro para Santos e as rotas comerciais através de muares começaram perder a importância assim como as cidades de Taubaté e São Luiz do Paraitinga a que me refiro dos casarões e fazendas de café. O nosso ouro verde começaria a mudar de endereço iniciando sua marcha para o oeste do Estado, tornando as cidades Vale paraibanas sem sua cultura principal, entrando em franca decadência, sendo descritas em um livro de Monteiro Lobato como “Cidades Mortas”. Na verdade é um eufemismo, pois elas não morreram entraram em estado de latência, para então descobrirem suas novas vocações. Tudo nesta vida nasce, cresce e se desenvolve, após este período entra em decadência e encontra o seu fim. Tudo tem o seu ciclo: Econômico, Cultural, Literário, enfim em qualquer atividade humana tudo segue praticamente da mesma forma. Assim também foi com o cinema chamado também de Sétima Arte, tendo sido inventada pelos irmãos Lumière no final do século XIX, mais exatamente em 1895, que de início recebeu o nome de Cinematógrafo, que logo foi abreviado para cinema bem mais fácil de pronunciar. Nascia o Século das Luzes, como foi chamado o século XX e se inicia com a invenção desta importante Arte que muito revolucionou o mundo, de início foi uma verdadeira coqueluche todo o mundo queria vê-lo e não é preciso muito raciocínio para supor que estes irmãos logo ficaram ricos. Mas as primeiras fitas eram muitas ruins chamadas também de celulóides e se incendiavam com muita freqüência, não sendo raro os incêndios nos primeiros cinemas. Quem vê um filme hoje a cores inclusive pelo vídeo DVD não imagina o cinema primitivo. Os filmes não tinham som, eram mudos em preto e branco. Não obstante houve bons artistas tais como Charles Chaplin, Buster Keaton, etc. Não demorou muito a partir da década de 30 começaram a aparecer os primeiros filmes falados, daí para os coloridos foi um pulo e o cinema alcançou grande desenvolvimento. Era moleque ainda de pés descalços, pois morava na roça comecei a assistir meus primeiros filmes nas matinés do cinema de São Luiz, vibrávamos com as proezas de Durango Kid, Roy Rogers, Zorro, Alan Lad(Os Brutos também amam). Desde então fiquei maravilhado pela arte cinematográfica que até hoje acompanho. Apareceram grandes artistas internacionais em filmes memoráveis, os mais velhos nunca vão esquecer Ben Hur, Sansão e Dalila, Spartacus, Os Dez Mandamentos, são épicos do cinema. Existiram também os antológicos, ou seja, aqueles que serviram de divisor de água para tendências cinematográficas como, por exemplo: Psicose, Um corpo que cai, Festim diabólico, Os Pássaros (todos do imortal Hitchcock). Depois passamos para filmes Cult como se diz hoje de grandes cineastas do gênero, como Felini, Antonioni, Pasolini, tais como: Amarcordi, Oito e Meio, Roma cidade aberta, Ladrões de bicicleta, Alemanha ano zero. No Brasil tivemos bons cineastas como Mazaropi que atraia multidões para os cinemas com seus filmes sobre os nossos genuínos caipiras, Anselmo Duarte com o Pagador de Promessas ganhou o nosso primeiro prêmio internacional, a Palma de Ouro do Festival de Cannes na França. Havia companhias de cinema importantes como a Atlântida, que produziram as famosas chanchadas. Enfim o cinema agora enriquecido com a invenção dos efeitos especiais continua inovando, fazendo divertir e instruir gerações. Nunca uma arte foi tão badalada e a chamada mídia hoje ameaça dominar o mundo. E não há um poder tão importante hoje como à comunicação de massas através da imagem, conjugadas com a palavra escrita, tornando-se um grande poder, podendo até depor governos.
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Luiz Antonio de Almeida itens compartilhados
Sobre eu e meu blog
Gosto de escrever, não o escrever por escrever, mas até uma necessidade intrínseca de me expressar, de transmitir algo, um pensamento, com ist0 eu possa despertar algo de bom em meus amigos. Muitas vezes mesmo é meu desejo de comunicação, já como disse uma amiga, sou tímido, então a comunicação verbal direta estaria dificultada, então a comunicação via internet mil vezes potencializada. Diga o que disserem, mas o computador aproximou as pessoas, que muitas vezes estavam distantes, e tinham poucas possiblidades de comunicação. E os "bloguistas" podem então dar asas a sua imaginação e exercitar as suas potencialidades, que terão mais ou menos leitores de acordo com suas possibilidades e capacidades. O meu blog é geral, pois trato de qualquer assunto, moderno, contemporâneo, assuntos atuais, problemas brasileiros e outros tantos.
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